Meu encontro com a Bruna Surfistinha

Você lê o titulo do post e já pensa que o Daniel partiu pra putaria kkkkk. Nada feito, cara pálida. Serviços sexuais pagos nunca estiveram nem perto das minhas preferências. O jogo da conquista é tão legal quanto o ato em si. Mas isso não vem ao caso. Estamos aqui falando sobre outro assunto. 

A garota Raquel Pacheco, que certo dia resolveu assumir o papel e Bruna Surfistinha e viver uma vida loka. Viveu.

Quem me conhece de perto sabe que sou uma mala velha. Se estiver na fila do cartório, acho uma maneira de conversar com qualquer pessoa que estiver disponível pra falar. No banco, no mercado, na rua... sou assim.

E hoje não foi diferente. Acordei cedo, com o celular apitando mensagens no messenger do Facebbok. Anunciamos um produto (jabá: Procura por Pioneer MVH-X3000BR, seu carro fica uma delicia com esse som - me chama) e tinha um cara querendo comprar lá em Guaianases. Esse tipo de venda é muito de momento, não pode perder. Tem que pegar a maquininha, meter o produto no porta mala e entregar na hora. 

A hora, no caso, era a do almoço e aí, chefia... estômago fica chateado se vc não preenche o bucho com algo que preste. 

Saímos, eu e Aryadne, rumo à puta que pariu, digo, Guaianases. Com fome. Parei numa padoca pertinho de casa pra comprar uns pães de queijo pra segurar a onda.

Na padoca, todo mundo de máscara (inclusive eu), distância segura um do outro, coisas de pandemia. Ao meu lado, uma mocinha com o cabelo pintado de loiro, pedindo o seu enroladinho. Normal.

Na fila do caixa, ela estava na minha frente. A moça do caixa puxou um assunto e eu, naturalmente, entrei na conversa. Trocamos a maior idéia, despretensiosamente. A moça pagou, disse tchau e foi-se embora.

Quando chegou a minha vez, a caixa me disse: "Você sabe com quem estava falando? Com a Bruna Surfistinha! Quer dizer, Raquel Pacheco, agora ela é mulher séria". Falou até onde ela mora, na rua do lado. Mas falou ironicamente.

O que me levou a algumas reflexões, que acho válido dividir com vocês;

A primeira impressão é que a gente lembra da Bruna do filme, safadona, drogada... Nada disso. Menina tranquila, de cara limpa (quem conhece saca na cara da pessoa o uso de drogas e tal), simpática... uma pessoa comum. A prostituição, na maior parte dos casos, pode ser a última opção de uma mulher. Ou de um homossexual. Assim como minha vizinha Suzi, a travesti com poucos dentes na boca. 

Qual a diferença entre elas? São pessoas normais. Se fodem, cada qual do seu jeito. A Raquel casou e agora mora aqui na Vila Mascote, esposa, dona de casa. Mas vc acha que ela não escuta coisas horrorosas pela rua? Eu não a reconheci, tratei como se fosse apenas uma pessoa comum na fila da padaria. Não trataria diferente, mas tem muito moleque mal educado por aí que acha que mulher é objeto, que ela vai olhar pra ele e morrer de tesão, fazer proposta escrota... E a Suzi? Vai saber como ela perdeu os dentes. O mundo masculino é escroto. Desculpem, garotas, travestis, trans, homossexuais. Talvez ela tenha me tratado com simpatia, porque achou que comigo não haveria nenhuma abordagem.

Ao pagar, ainda brinquei com a menina do caixa:

- Vou contar pra minha esposa que eu falei com a Bruna Surfistinha

- Não faz isso, moço. Sua mulher vai brigar com você.

Olha o preconceito aí, gata. 

Aryadne me esperando no carro, entrei e contei pra ela. Achou legal saber que além da Suzi, ela é nossa vizinha. Comemos pão de queijo e bora entregar o Pioneer.

Mas na minha visão pessoal, somos todos iguais. 

No final das contas, descobri que a Raquel Pacheco é minha vizinha e frequenta a padaria. Li o livro dela, e vou me virar para que ela leia o meu. E a Suzi? Sai viva da pandemia? Que tenha um fim bonito como o da Raquel. E eu? E você? 

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