Meia padoca, meia banguela, por favor

Quando bater aquela deprê, aquela sensação de estar na pior, com a merda chegando às narinas, pense nessa historia e seja feliz:

Depois de um dia corrido, eu e meu filho e parceiro de todas as horas Rodrigo Rodrigues decidimos que era a hora de degustarmos um belo pedaço de pizza de padaria, com todo o seu esplendor, brilho, elegância e gordura saturada.

Balcão de alumínio, banco alto, garçom velho, aquela coisa. O rolê simples e porco que todo homem tem o direito de curtir com o seu filho e todo moleque tem que curtir com o seu pai.

Escolhemos os bancos lá do fundo, pra podermos acompanhar na TV algum jogo da segunda divisão e fazer comentários descompromissados sobre a grossura apresentada. Assim como tem que ser mesmo.

Eu de breja, ele de soda, eis que o tiozão do nosso lado solta um voluptuoso espirro.

Mesmo com a mão tampando parte boca / parte bigodón, impossível não notar que daquela boca, daquele espirro, fez-se a existência do dente voador.

Dente grande, daqueles do fundo. Voando poeticamente balcão adentro, no absoluto contragosto do bigodudo ex-proprietário tentando, em vão, evitar o vexame e segurar o rebento.

Não deu, O dente se alojou dentro de uma porta aberta do balcão, e Deus me livre saber o que havia lá dentro.

Constrangido e derrotado, o bigodudo vizinho de balcão engoliu o rabo-de-galo num gole, se levantou sem olhar para os lados e sumiu na fila do caixa.

Vida de merda.

* Este relato é baseados em fatos absolutamente verídicos, acontecidos há poucos minutos em algum lugar da periferia de São Paulo.
 
Mas a pizza estava uma delícia.

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